quarta-feira, 30 de maio de 2012

Moeda e Risco Inflacionário



Por Kelson Henrique




Nos últimos anos a conjuntura econômica brasileira apresentou um quadro favorável, pelo menos no curto prazo, do ponto de vista do controle da inflação em função de uma política monetária restritiva e de uma taxa de câmbio relativamente estável. Entretanto, nos meses que passaram, acompanhamos uma mudança na postura do Banco Central no sentido de reduzir a Selic, visando impulsionar a atividade econômica como uma forma de se “precaver” diante da crise internacional.


A princípio, poderíamos considerar como uma estratégia válida, pois uma Selic posta aos padrões de juros internacionais não seriam prejudiciais à economia nacional, pois se trata de uma economia aberta, onde a demanda seria suprida não só pela oferta interna como externa. Essa conclusão poria em xeque o cálculo do PIB Potencial, que pressupõe uma economia fechada, onde não teria importações de bens e serviços.


Mas, observando a política econômica, em especial no último trimestre, vemos que a economia vem se fechando cada vez mais, principalmente em função das medidas protecionistas tomadas recentemente pelo governo para “sustentar” a indústria nacional, o que nos leva a concluir que, neste caso, os modelos que calculam o PIB Potencial são relativamente aceitáveis. Dessa forma, podemos esperar que a redução da Selic constitui um fenômeno efêmero, e que no longo prazo ela terá de aumentar por conta de pressões inflacionárias devido ao abrupto aumento do câmbio , tanto a nível interno pelo aumento da demanda, quanto externo, por pressões sobre os preços internacionais de alimentos e petróleo.


Infelizmente temos nossa expectativa de crescimento frustrada pelo grau relativamente baixo de abertura econômica, que entre outros aspectos, favorece a ineficiência das empresas (algo que desagrada até mesmo os empresários), ao se esquivar da competição internacional.


Nota: Kelson Henrique é bolsista do PET-Economia e aluno do curso de Ciências Econômicas-UFC.

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